domingo, 30 de março de 2008

10 de março


Se eu tivesse certeza de uma morte tranquila, eu pediria que me construíssem um barquinho confortável onde eu pudesse me acomodar deitada e que o pusessem no mar.
Eu gostaria de ter feito uma boa refeição antes para não ser incomodada pela fome, e de ter batido muito em alguém que merecesse e não reagisse para haver cansaço, mas não culpa ou hematomas.
Seria bom garantir que eu não sofreria qualquer alteração nos batimentos cardíacos, espasmos ou sustos. Talvez pudesse haver uma droga que fosse apagando os meus sentidos aos poucos e de maneira indolor. Eu poderia então assistir o Sol se esvaindo para depois dormir meu sono eternamente embalado pelo mar.
E seria poético: diriam da proximidade do meu nascimento e morte e se inquietariam com a incompletude do ciclo de meus anos.
Os rasos fariam a associação peixe/mar, os sensatos se perguntariam sobre a qualidade do revestimento de minha cama de morrer, e talvez até alguém pensasse em Guimarães Rosa.
Poderia ser que fizessem piadas. Ou que meus planos falhassem e eu me afogasse ao invés de boiar. E então fizessem piada disso, uma piada pronta ainda que morta.

2 comentários:

Anônimo disse...

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Anônimo disse...

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Posso colocar seu blog na lista de favoritos do meu?

Bjins... Adorei o texto!