terça-feira, 5 de julho de 2011

Minha nova casa nova


Me sinto em casa de novo. Tive raiva, medo, e uma vaidade – tímida o suficiente para transmutar-se em bom-senso - de superar o que havia aqui antes de mim. Domei este espaço, ou ele me domou, e agora não preciso mais buscar no google os nomes das ruas para me localizar no pequeno raio de distância no qual se resolve a vida a pé. E descobri onde comer vegetarianemente.

Entendi, até onde se pode, o mistério alheio, e com alguns deles comungo em paz. Paz. Substantivo que se repete, talvez para ocultar certa covardia ante à surpresa. Sem surpresa e sem tédio, reconheço uma certa casa como minha. A bagunça minha de cada dia, para onde volto depois do trabalho. E o trabalho mesmo deixou de ser a única razão de eu estar aqui, embora muito de mim siga orbitando por ele.

Meu sobressalto durou quatro meses incompletos, tempo suficiente para aprender o que evitar para não me aborrecer, e para onde olhar quando busco por ternura. Já há pessoas importantes demais para o exercício de minha ternura.

Com sinceridade – ainda que sempre transitória e algo desconfiada – aceito esta como minha nova morada. E um pouco menos aquela, a quilômetros daqui, onde reside boa parte do meu amor. Não por falta do mesmo amor, mas por hábito. É aqui onde preciso ajeitar os sapatos, pagar as contas, fazer as unhas. Talvez por um mecanismo de regulação biológica, começo a amar esse punhado de coisas pelas quais me reconheço e os outros vão formando sua imagem de mim.

Seja como for, percebo que tenho uma maneira meio óbvia de estar só, e ela vem sempre embalada por ColdPlay. Muda a paisagem, os objetivos, o tamanho do cabelo e até da tolerância, mas o ouvido, o que se deixa entrar por ele, é sempre mais ou menos parecido. Morre-se um pouco a cada dia, e renasce-se de quando em quando, but everything´s not lost.

Para Dalila, Hugo, Gab, Nath, Keka...

Um comentário:

Dalila Ribeiro disse...

Seja muito bem vinda...isso é de de coração aberto!