Ao contrário do que eu gostaria de acreditar, do que as propagandas procuram vender, ou as novelas queiram incorporar, tenho presenciado diversas restrições ao amor.
Alguém bate à minha porta chorando porque os pais desconfiam de seu relacionamento homossexual, e lhe aplicam torturas chinesas para arrancar-lhe o nome de seu "aliciador". Outro está comoventemente apaixonado e é recíproco, mas vai se casar e não pode deixar de honrar o compromisso assumido. Três corações numa caixa de fósforos.
Há ainda quem esteja casado a anos, e precise lidar a esquizofrenia de seu par, que o acusa de não amá-lo. Quem seja conduzido e apanhado frente ao trabalho e censurado caso esteja conversando com qualquer espécie do sexo oposto. Há quem tenha medo de amar demais e, por isso, prefira terminar o relacionamento "enquanto é cedo". Quem tenha sido dispensado por telefone de um namoro de anos. Quem passe o dia esperando uma ligação que não vem. Quem pense nos filhos, e somente neles.
Há uma comoção geral e indiscriminada pela morte do amor ou sua impossibilidade de realizar-se.
Para não partilhar dos ritos funerais, eu me sento e olho tudo com o dedo na tomada. As minhas falanges todas já se perderam, mas o complicado mesmo é encarar a vida tendo apenas metacarpos pra me proteger.
Um comentário:
Sem palavras...
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