segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Mãe?


Ouço alguém chamar "mãe". É comigo, eu sei. Tem mil caras esse chamado, e mil vozes... Mil idades. Os meus filhos e filhas ao meu redor.  Respondo "Oi...?", doce e algo desatenta ou ocupada, como a minha mãe, esperando o resto da frase que inicia com um apelo mágico. Atendo mentalmente e me dou conta de que eles (ainda) não existem, senão cá dentro. No desejo intenso que baliza uma série de escolhas, engajamentos, despedidas. "Oi...?" Eu amo você, criatura anterior à existência. E a sua imaterialidade não te torna nunca menos presente.