quarta-feira, 6 de abril de 2011

As obscenidades amadas

Imagem de Alyson Brandy

São 04:30. E se são 04:30 e não 16:30, suponho que não precise dizer que são 04:30 da manhã. Embora agora já esteja dito.

Eu não durmo. Tem dias, já. Na verdade, tem dias que eu durmo pouco, mas o negócio é que hoje não consigo. Tá foda. Tá nada. Foda é um treco acompanhado, e eu não durmo é de solidão mesmo, da braba.

Nem tem essa de deitar nos pés da cama, comprar lençol novo, tomar banho quente, chá de ervas “x”. Minhoca na cabeça é muita, e quando a gente deita elas saem pra passear. Depois vem a fome. As fomes. A da meia-noite, a das duas e quinze, a das quatro e tanto. Mais um pouco e dá para ir comer pastel na feira. Se tiver feira.

Você já pensou que pode sentir saudades de apertar uma bunda, um pau, uma tetinha no escuro? Não qualquer pau, bunda ou teta, nem qualquer escuro. As obscenidades amadas, no escuro de casa. Até sem vontade de trepar, só para tirar um sarro, conferir. Saber de novo a presença do outro com quilinhos a mais, barriguinha, careca e os cambaus.

Se você nunca pensou numa coisa dessas e até estranhou, te digo que sacanagem, mesmo a inocente, é uma coisa doída de lembrar. No seu lugar de acompanhado, eu tratava de ir apertando tudo o que passasse por mim. E se não passasse, agarrava.