terça-feira, 23 de setembro de 2008

Hannah Arendt: entre o passado e o futuro



"Pode ser tão útil e legítimo contemplar uma pintura para aperfeiçoar o conhecimento que se possui de um determinado período como utilizá-la para tapar o buraco da parede. Em ambos os casos o objeto artístico foi empregado para finalidades dissimuladas." (p.255)

"O divertimento, assim como o trabalho e o sono, constitui, irrevogavelmente, parte do processo vital biológico. E a vida biológica constitui sempre, seja trabalhando ou em repouso, seja empenhada no consumo ou na recepção passiva do divertimento, um metabolismo que se alimente das coisas, devorando-as." (p.258)

"Muitos autores do passado sobreviveram a séculos de olvido e desconsideração, mas é duvidoso que sejam capazes de sobreviver a uma versão para entretenimento do que eles têm a dizer."(p.260)

Adorei.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

(I)mobilis

O Grupo Performático AcompanhiA
(http://grupoacompanhia.blogspot.com/)

convida para a apresentação da performance:

(I)mobilis

como parte da programação do
FEIA
(Festival de Artes do Instituto de Artes da UNICAMP)


Dia: 15 de setembro
Hora: 12:00h
Local: saguão do PB (Pavilhão Básico), UNICAMP (próximo ao Bandejão)

Contamos com sua presença.

IV Festival de Apartamento "Sechiisland (em Campinas)"

Evento organizado pelo Grupo AcompanhiA (José Roberto Sechi, Thiago Buoro, Rodrigo Emanoel Fernandes e Ludmila Castanheira) e que está em sua 5ª edição, sendo que as duas primeiras aconteceram em Rio Claro na Sechiisland, sede do grupo e residência do artista multimídia José Roberto Sechi. O terceiro Festival de Apartamento aconteceu no espaço Península Dran, da artista plástica Viviandran.
O IV Festival de Apartamento Sechiisland aconteceu dia 09 de agosto de 2008, na minha casa em Barão Geraldo/ Campinas, e contou com a presença de doze performers:


Abaixo, breve registro de suas ações.


Sorvênus, do Grupo AcompanhiA

Com a sala às escuras, três performers, Sechi, Rodrigo e Thiago, descem as escadas e passam a circular pelo ambiente, iluminando-o parcialmente com os fachos das lanternas atadas aos corpos. A certa altura a performer Ludmila é localizada entre os presentes e levada ao centro da sala, onde é despida e conduzida a uma bacia de plástico vazia. Por fim, é enrolada com pisca-piscas de Natal e assume a imagem da Vênus de Botticelli. Os três performers apagam suas lanternas e esvaziam latas de cerveja na bacia, para então curvarem-se, e beber toda a cerveja com canudos plásticos.


Infanto, de Adriel Visotto

"A performance consiste no retorno à memória sexual na infância... A ação ocorre dentro de uma estrutura com diversos elementos que remetem à criança, junto a objetos de fetiche sexual e sadomasoquismo. Através da fusão desses elementos e das texturas sonoras experimentais, proponho brincar com a construção do indivíduo espelhado nas experiências sexuais ocorridas na infância." (Adriel Visoto - Catálogo do Festival).


Memória Velada, de Gilio Mialichi

"O trabalho estabelece relação entre uma imagem virtual resgatada da memória e a imagem materializada do hoje. A ação tem como proposta um encontro simulado entre duas pessoas e é através de uma projeção de imagem e da ação de pintar que se dá esse encontro." (Gilio Mialichi - Catálogo do Festival).


Desde la peninsula a la isla, de Viviandran e José Roberto Sechi

Este trabalho se dá concomitante à reprodução de um vídeo gravado em Santiago, Chile, pela performer Viviandran. No vídeo ela realiza algumas ações como o preparo de um jantar para duas pessoas, mas come sozinha. Em seguida, é tatuada com um desenho criado pelo performer José Roberto Sechi e, enquanto o vídeo exibe esta ação, o performer pinta o mesmo desenho num tecido sobre o chão, coincidindo com o tempo da tatuagem no vídeo. O performer abre uma garrafa de vinho e enche dois copos, para então beber um. Por fim o vinho é partilhado com o público.
… en video y en vivo ... acciones empezadas en la peninsula dran, completadas e ressignificadas na ilha sechi, país nômade. ... em vídeo e ao vivo ... (José Roberto Sechi - Catálogo do Festival).



mel-o-drama, de Thaíze Nardim

A performer inicia usando um sobretudo e recita, mecanicamente, a letra de "Um dia, um adeus", de Guilherme Arantes, em um megafone . Ela utiliza os recursos do aparelho para gravar e reproduzir o refrão da música em looping. Então retira o sobretudo, revelando o tronco enrolado com cordão vermelho. Metódica e repetitivamente, ela desenrola e amarra corações de frango no cordão a intervalos regulares. Uma vez concluído o processo, ela passa a atravessar cada um dos corações com espetos de churrasco, retirados de seu tronco, onde estavam fixos por fita adesiva. Neste processo, ela enrola novamente o cordão no tronco. Durante todo esse tempo, o megafone repete o refrão gravado: "...ninguém mais, como ninguém jamais te amou, ninguém jamais te amou..."


De plástico, de Rodrigo Scalari e Ludmila Castanheira

"Dois artistas, alguns encontros e a vontade de estreitar nossa relação em uma ação. A possibilidade de abrir canais de diálogos práticos a partir de quaisquer materiais nos interessa, de fazer emergir uma estética do momento, do nosso momento, e, sem demasiada preocupação, colocar algum material próprio em choque com o outro. Que movimentos desejamos fazer? Como recriar em ações nossos desejos? É preciso costurar as nossas peles, fabricar um novelo único de nossas singularidades e vestir o espectador-performer com a nossa carne. Enfim, em primeira instância apenas uma primeira proposição." (Rodrigo Scalari & Ludmila Castanheira - Catálogo do Festival).


Estranho, eu não sou Hamlet, de Flávio Rabelo

"Agir, ou não agir? Não mais apenas ‘ser ou não ser’? E sim, e principalmente, como ser ou não ser? O paradoxo invade a ação e entre personagem, persona ou pessoa não há mais certezas ou dúvidas; há certezas e dúvidas. Ator? Interprete? Perfomer? Eu não sou Hamlet. Mas, poderia ter sido? O filho do rei transformado em mendigo fingindo ser um ator perguntando: “por que eu?” Um homem em conflito, eis a questão. Quantos podemos ser? O que se esconde por trás do que pensamos ser? O que os outros pensam que eu sou, sou? Ou não? Quantas camadas entre o que está dentro e o que é visto por fora. E quanta transformação neste fluxo de relações. Máscaras de pele de papel e tinta impressa. Pele de fio vermelho. A fantasia de mim mesmo. Um velho despertador quebrado, um espelho, papéis em branco, bonecas e flores secas. Linhas e dobras do jogo de um corpo exposto. Dentro ou fora? Pesquisa desenvolvida no programa de mestrado do Instituto de Artes da Unicamp. Orientador: Renato Ferracini, co-orientador: Fernando Villar (UNB). Parceria: Zecora-Ura Theatre /UK. Financiamento: FAPESP. (Flávio Rabelo - Catálogo do Festival).


Casulo nº 1
, de João de Ricardo

"[Hoje em dia as pessoas apreciam apenas a luz. Mas a quem a luz deve a sua própria existência? Às costas das trevas, pois elas carregam luz." Tatsumi Hijikata] Essa ação faz parte da pesquisa de mestrado de João de Ricardo com o título provisório de ARQUIPÉLAGO: O Agencimente entre o encenador e o performer. Instituto de Artes – UNICAMP; Orietação: Prof. Dr. Mário Santanna. essa noite eu sonhei que eu estava numa aula de anatomia. era aluno e ao mesmo tempo cadáver. eu conversava com os vivos sob o ponto de vista dos mortos. eu observava os mortos sob o ponto de vista dos vivos. era executor e executado por uma EXPERIÊNCIA. colega de quem observava e de quem era observado. Ao acordar uma lagarta negra subia pelo marco da porta. [o essencial é a metamorfose. o ato de morrer. e o medo dessa metamorfose é geral. nele se pode confiar, sobre ele se pode construir" - Heinner Muller]" (João de Ricardo - Catálogo do Festival).


In Progress, de Isabella Santana

"Este trabalho é o desdobramento da pesquisa de mestrado em processo de Isabella Santana. Esta performance lidará mais especificamente com temas relacionados ao riso, ao grotesco e ao cômico na Idade Média e Renascimento. Para tal apresentação, a artista propõe-se a (res)significar no topos da ação performática, estudos em torno destes gêneros, analisados na história por escritores como Mikhail Bakhtin, além do estudo de representações grotescas verificadas em esboços de Leonardo da Vinci e, nas gravuras de Andréas Vesalius e Hans Holbein. Como (res)significar estes elementos na ação, atualizando esses dados virtuais, como diria Deleuze, em estado de potência, relacionando ao estudo de notícias e imagens de terror contemporâneos, veiculadas na rede internet?" (Isabella Santana - Catálogo do Festival).